quinta-feira, 28 de maio de 2009

Fomos maus alunos,gênios também foram!




Fernando e Paula
obs: está sem som porque o youtube vetou por motivos autorais =/

terça-feira, 26 de maio de 2009

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Texto do Maurício

Memórias de um usuário

Olá, eu sou o Maurício.

Minha história começou aos 16 anos. Antes já havia experimentado com meus irmãos, já os via usando rotineiramente. Quem me apresentou mesmo foi o mais velho. Disse que era legal, no final o barato era louco, arrepiava demais. Até então eu era só o caçula da mamãe, mas aos 16, entrando no ensino médio, não havia como evitar; comecei a usar de leve. O frisson do inexplorado, a disposição incipiente e cega me jogou gradualmente nesse mundo tão detestável. Aquele sistema que vai contra todos os meus princípios, mas hoje eu posso encher a boca e falar, graças à mim, eu posso dizer: “tô limpo”.

Era um livrinho ali, um resumo acolá, xeroca da nerd da sala, uma aula à tarde, prova na sexta, simulado no sábado. E aquilo tudo ia me consumindo pouco a pouco. ‘Ah, deixa pra lá, leva nas coxas, tu sempre passou no terceiro bimestre, nunca fez recuperação, fez fama deita na cama, fica tranquilo’, eu já via os sinais claros daquela dependência, já sentia necessidade de me desintoxicar, mal sabia que esse desejo, outrora e bem mais forte quase me faria desistir de tudo.

Meu irmão do meio começou a usar freneticamente, injetava tudo aquilo na veia. Respirava aquela droga toda. O mais velho já colhia os frutos daqueles anos carregando este fardo. Meu segundo ano foi mais tranquilo, para não dizer quase nulo. Sentia que podia largar aquilo tudo e viver minha vida já sem isso. Minha vontade era pegar uma mochila e cair no mundo com uma câmera, lendo os livros que eu queria e não ter que analisar Cruz e Sousa. Não aquele pensamento pragmático, tosco, tacanha. Eu queria duvidar do mundo, porque eu sabia desde meus quatorze anos quando escrevi no meu caderno de sétima série, que uma cabeça quando encontra outra idéia, nunca volta ao seu tamanho original.

Cada vez mais me desaproximava do mundo das drogas e posso dizer que nesse sentido, meu segundo ano foi fértil. Mas o homem é fraco, a carne é fraca e cede. Um ano novo começou e eu passei a usar tudo de novo. Aquela idéia arquitetada em concreto forte, se desmanchou assim, abrupta, como se terminam as coisas. Mais uma vez, injetei todo aquele sistema na minha veia, era já o meu terceiro ano na sarjeta; fumava tudo na minha frente, cheirava carreiras imensas: jornalista? Hum, vou pensar. Cineasta? Não, não, nem pro pão dá. Letras? Nem pão, nem café. Antropologia? “Isso é curso? Aonde?” Filosofia? “E vai ser professor, é?” Economia? Legal, dá grana, posso investir no mercado financeiro, comprar aquela ação da Petrobrás que tá em baixa, ficar rico… ficar rico é legal.

Se o homem é fraco, o homem dominado é mais. Debilitado, ia seguindo minha vida sem saber pra onde ir. Só ia tocando assim, nem vivendo, nem morrendo, sobrevivendo. Decorava aquilo tudo, não me reconhecia em mim e o final desse ano não poderia ser diferente. Reprovei no exame antidoping.

Com perspectivas fáceis, falsas, dizia que tava tudo encaminhado. “Ano que vem tem mais”, tranquilo. Assegurava aos meus pais: “Só mais um tirinho, daí eu vou largar esse vício, juro”, devia satisfações a eles. E achava que para se desintoxicar era necessário chafurdar no mundo das drogas. Usar mais e mais. Achava que os professores tinham de me pressionar cada vez mais para estudar, que aquela competiçãozinha diária me faria bem.

Foi um ano mais duro, estava muito infeliz. O Ministério da Saúde adverte: estudar numa sala com 115 drogados causa danos à saúde mental e física. Nada dava certo, isso me preocupava muito e foi nesse ano que quis desistir de tudo, desistir de fazer comunicação, desistir de morar fora de Goiânia, desistir de buscar o que eu quero e é de meu direito. Meu sonho era jogar na lotérica, ficar rico e poder fazer tudo aquilo que eu queria: ler os livros senão os de Cruz e Sousa, escrever, viajar por aí. Trabalharia seis meses e folgava seis, imagina! Comprava um sítio, arrumava um xodó, um cachorro e uma rede.

Mas não, eu devo satisfações aos meus pais e as chances da lotérica são bem remotas. Ainda resta em mim um otimismo inexplicável quando tudo vai se embora. A astrologia deve explicar.

No final de 2007, como não poderia ser diferente, reprovei no antidoping de novo.

Em 2008 o martírio abrandou, as coisas foram se aprumando. Foi quando percebi que se tratando de mim, respeitando o que sou não fazia sentido se jogar assim, a fossa cada vez seria mais funda. Hoje estudando Aristóteles, me sinto bem em pensar que ele pensou o mesmo que eu, mas de um jeito mais rebuscado e profundo. Aquela pressão não era pra mim. Arranjei uma namorada que realmente gostei, viajei algumas vezes, e confiante, não entrei em clínica de reabilitação, resolvi me desintoxicar sozinho. Estudava nos dias de semana, folgava o final de semana com ela. Talvez tenha abusado um pouco da confiança, foi por conta de dois itens que tive de voltar pro meu quarto e continuar essa empreitada só, mas não me arrependo deste semestre perdido. A cabeça estava boa, não me esforcei e as coisas foram acontecendo naturalmente, como as coisas tem de vir.

Mais seis meses seriam necessários para enfim sair da lama e abandonar as drogas. Penso que valeu a pena... Tenho apreciado a minha caretice. E pensar que todos os ideais arfados em cada pausa, em cada desvio de atenção, cada devaneio, apesar de persistirem, agora encontram terreno mais seguro. E já que cada um é um universo, faz sentido tudo isso. Pessoas mil, idéias mil, diferenças, planos, projetos, sonhos. Não, eu não encontrei Jesus, entrei pra universidade. Eu sei que tudo isso pode passar e ainda não é uma centelha do que deveria ser, mas vejo muita coisa boa por vir.

Maurício Campos

quarta-feira, 29 de abril de 2009

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Trabalho da Laura

Após alguns meses de insistência, a revista PERFIL conseguiu uma entrevista com a doutoranda em comunicação social Laura Chaer, vencedora de diversos prêmios de jornalismo e que vive o início de uma carreira promissora neste meio. O curioso é que Laura apenas aceitou marcar um horário conosco se fizéssemos uma reportagem diferente das muitas que já existem sobre a jornalista.
Começamos então perguntando sobre a infância de nossa entrevistada, mais especificamente de sua vida escolar. “Sempre fui muito dedicada”-ela diz-“Até mesmo saltei uma série pois já sabia ler e escrever”. Este fato fez com que Laura estivesse sempre um ano adiantada na escola, o que a deixava um ano mais nova que todos os seus amigos, detalhe que a moça diz ter sido crucial para seu amadurecimento.
A partir do sexto ano (extinta quinta série) do primário, a repórter conta ter ficado desleixada e ter parado de levar a escola a sério, isso desencadeava muitas brigas e broncas em casa, mas ainda assim ela não fazia nenhum dever ou trabalho. Apesar do relaxamento, Laura nunca teve problemas com nota no ensino fundamental.
Ao ingressar no ensino médio no colégio Galois, que Laura diz ter sido um dos momentos mais importantes (apesar de bastante fútil) de sua vida, as coisas mudaram um pouco de figura. Com o objetivo de entrar na Universidade de Brasília em sua mente, a jornalista queria estudar e se dedicar, porém a falta de ritmo de estudos que havia adquirido até então atrapalhou um pouco esta meta. O que realmente colocava Laura diante dos livros era sua dificuldade com física e matemática.
Realizada a primeira etapa do Programa de Avaliação Seriada da já citada UnB, Laura pode perceber que, mesmo vivendo um certo desleixo, tinha chances de passar nessa seleção, devido à grande presença de ciências humanas e artes nas provas, área na qual a doutoranda sempre apresentou facilidade, em contraponto às ciências exatas. Este estímulo se mostrou ainda maior após a publicação do resultado desta etapa, em que Laura obteve uma excelente nota.
No segundo ano do ensino médio, a célebre entrevistada diz ter estudado ainda menos que no primeiro ano, se é que isso era possível, por isso sua nota decaiu um pouco. Seus pais não se agradaram com tal decadência, mas Laura sabia que estava mantendo um ritmo que seria suficiente para sua aprovação na Universidade. “Mas o seguro morreu de velho”-ela nos fala-“Por isso, ao fim do terceiro ano, ingressei em um cursinho pré-pas achando que iria levar a sério e estudar bastante. Não foram bem assim as coisas, mas acho que as aulas foram mais um empurrãozinho para que eu fosse aprovada”.
Após realizar a terceira etapa, Laura se sentiu confiante, o que não impediu que o nervosismo tomasse conta da moça no dia da divulgação do resultado. Assim que ficou sabendo deste, a jornalista diz ter sentido uma das melhores sensações da sua vida e ter saído para comemorar com os amigos, alguns destes também aprovados.
“Não me arrependo do modo como conduzi minha vida escolar”-nos conta-“Mas se pudesse voltar atrás, teria sido mais atenta a algumas aulas, pois são coisas que eu jamais terei a oportunidade de aprender de novo”. Laura Chaer cursou comunicação social na UnB com habilitação para jornalismo e fez várias especializações em diferentes setores. “Sou bastante realizada na minha profissão e a indico para qualquer um, mas já deixo o aviso: é necessário que gostar bastante de ler e ter facilidade para a escrita”, finaliza.

Trabalho da Marina

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quinta-feira, 23 de abril de 2009

A Sala Escura.

Por Renata Costa Gomes.
No primeiro ano do Ensino Médio, a minha não era o que se pode chamar de uma turma calma. Freqüentemente, alguém era expulso de sala, e ocorria ao menos uma suspensão a cada semana. Os tipos que faziam parte da turma eram dos mais variados. Havia as garotas estudiosas com seus cadernos coloridos e suas canetas cheirosas, os roqueiros com seus cabelos longos, os pagodeiros, que matavam aulas às pencas, o grupo que não estava nem aí e os indefinidos. Eu fazia parte dos indefinidos. Eu acho.
Motivos para rir não faltavam naquela sala, seja das piadas dos professores, seja das gracinhas dos alunos. Lembro-me de algumas situações com grande clareza. No último dia de aulas do primeiro semestre, um de meus colegas passou a manhã inteira acusando o professor de História de exagerar na bebida. Alcoólica. Ao final da aula desse professor, ele recomendou-nos: “Juízo nas férias. Mantenham-se sóbrios.” Eu não resisti a responder: “O Senhor também, professor”.
Houve uma aula de Artes Visuais em que a professora estava mostrando-nos a arte dos maias e astecas. Ela destacou a curiosidade de que essas civilizações construíam aquedutos para transportar água por grandes distâncias. Então um colega levantou a mão e: “Mas professora, existia água naquela época?”.
Além dessas, houve muitas outras situações engraçadas, mas a que mais se destaca em minha memória é de um dia em que faltou luz. A primeira aula da manhã era Gramática, e todos detestavam o professor. Antes mesmo que a aula pudesse começar, faltou luz no prédio inteiro. O professor ficou sentado em sua mesa, enquanto nós nos dispersamos pela sala e começamos a conversar, a ouvir música e a andar de um lado para o outro. Houve um momento em que o professor conseguiu emprestado um celular com lanterna e começou a olhar o diário de classe e mais alguns papéis. Isso tudo durou cerca de quinze minutos.
De repente, as luzes se acenderam. Uma colega nossa, porém, passando próximo ao interruptor, apagou-as novamente. O professor não viu seu gesto e pensou que fosse mais um blecaute. Depressa, nós desligamos os ventiladores e continuamos o que estávamos fazendo, ou seja, nada produtivo. Mais quinze minutos se passaram até que o professor levantou-se de sua cadeira, caminhou até a porta – que estivera aberta durante todo esse tempo – e constatou que todas as outras salas estavam claras e com aulas em andamento. Sério, ele apertou o interruptor e as luzes se acenderam. Poucos de nós se esforçaram em fazer uma expressão de espanto e, aos poucos, todos voltaram a seus lugares e sentaram-se. O professor tentou dar uma aula acelerada, como tentativa de nos punir, imagino, mas seus esforços foram inúteis, já que dar uma aula pior do que as que ele normalmente dava é humanamente impossível.
Com esse episódio, nós ganhamos mais um motivo para rir. O que eu aprendi sobre Gramática o ano inteiro? Absolutamente nada. A moral da história? Seja mais esperto! Se estiver em uma sala com as luzes apagadas, olhe através da porta para ver se há luzes no corredor, ao invés de ficar olhando para uma folha de papel com uma lanterna de celular.