Minha vida escolar antes da Unb, puxa, nunca pensei muito sobre isso antes. Eu acho que tive muitas oportunidades nesse sentido “escolar”. Posso dizer que vi os dois lados da moeda. Euestudei tanto em escola pública quanto em escola privada. Meus primeiros anos devem ter sido divertidos, não me lembro muito bem. Uns sons de risada aqui, uma cor que foi importante ali. Nada é muito claro na minha mente agora. Uma história que nunca canso de ouvir é sobre o meu primeiro dia de aula. Eu tinha uns 4 anos quando minha mãe me levou para minha primeira escolinha. O nome da escola era Cambalhota e tinha uma foquinha como logo. Não me pergunte o porquê dessa foca. Minha mãe estava morrendo de medo. Eu fui a primeira filha e ela me teve muito jovem, então, era normal ela se sentir super-protetora. Ela disse que quem realmente sofreu foi ela. Ela contou que eu nem me despedi dela, simplesmente virei as costas e fui embora com a minha professora e os meus colegas. E isso é, de certa forma, uma coisa que me define. Eu tive que aprender a não me apegar muito às coisas porque eu sempre estava mudando de cidade e de escola (meu pai é bancário, sempre sendo transferido). Isso é uma característica que sempre carreguei comigo. Nunca fui dependente de professores nem de colegas. Sempre fui atrás das coisas eu mesma e isso acabou sendo bom pra mim porque sei que de agora em diante as cobranças serão maiores. As coisas ficaram muito mais sérias agora. Estamos estudando não por simplesmente estudar, mas estamos nos preparando para o que vamos fazer profissionalmente e essa questão traz muitas responsabilidades.
Meu ensino fundamental foi tranquilo. Tive uma professora na escola pública que acredito que tenha marcado a vida de muitas pessoas. Me lembro de uma vez quando vários professores entraram em greve e ela foi umas das poucas que disse que não prejudicaria os alunos dela com isso. Esse tipo de coisa pode parecer insignificante mas não o é. Ela tinha um senso de comprometimento muito grande com os alunos dela e isso é que às vezes faz a diferença para o aluno.
Agora estou chegando na parte que me lembro melhor. A 5ª série foi uma grande mudança para mim. Foi o ano em que eu me mudei para Brasília. Como todo começo é, foi realmente difícil. Brasília é uma cidade muito fria para quem vem de fora e fria no sentido de não receber bem as pessoas. Mas, com o tempo, conheci pessoas muito especiais. Nessa época eu me sentava mais na frente da sala. Eu sentava onde meus amigos estavam. Sempre foi assim. Lá pela sétima série, eu me sentava no fundão. Como eu disse, eu sentava onde meus amigos estavam, não importava se era fundão ou primeira carteira. E eu acho que a posição que você ocupa numa sala de aula não define coisa nenhuma. Eu participei dos dois mundos, por assim dizer. E isso nunca me atrapalhou ou ajudou. Conheci pessoas que sentavam no fundão que se deram muito bem e pessoas que sentavam na frente só pra bagunçar. Acho que esse conceito de “fundão” já caiu.
Quando você está no fundamental a escola é mais uma obrigação social. Eu, pelo menos, não pensava o quanto aquilo que eu estava estudando seria importante lá na frente. A escola era simplesmente um ponto de convívio social. E aí a gente se forma e entra no ensino médio.E é a partir daí que a palavra “vestibular” faz parte da sua vida todo santo dia. O que eu posso dizer do ensino médio é que foi uma das experiências mais recompensadoras que eu tive.
Existem vários motivos para esta minha afirmação.
1. Foi a a partir do meu primeiro ano que eu decidi que seria uma jornalista. Não vou explicitar os motivos que me levaram a essa escolha por não considerar relevante ao texto. Mas posso dizer que foi muito importante ter uma estabilidade na escolha da minha profissão.
2. Foi nos meus anos de ensino médio que conheci os meus melhores amigos, aqueles do tipo que vão ser seus padrinhos de casamento e padrinhos dos seus filhos.
3. Foi no meu segundo e terceiro ano que tive aula com o melhor professor da minha vida, pelo menos até agora. E foi por esse motivo que eu aprendi a dar tanto valor aos professores realmente bons, aqueles que deixam marcas profundas em você e que fazem você ter essa determinação em ser o melhor em tudo o que você faz.
Até aqui eu só fiz um brevíssimo resumo da minha vida escolar. Mas há muitas críticas que eu gostaria de fazer às escolas e principalmente à escola que eu me formei. Na 7ª série eu comecei a fazer um curso de teatro nesta escola. O curso tinha sido uma iniciativa do nosso professor de artes. Esse curso foi extremamente importante pra mim. Ele me proporcionou ser uma pessoa menos tímida e mais aberta a expressar minhas opiniões. Mas todos os trabalhos que realizamos foi com o esforço redobrado dos integrantes da companhia. Nós não tínhamos nenhum apoio da escola para realizarmos os nossos projetos. Quando tentamos fazer uma apresentação na feira de ciências da escola fomos tratados com indiferença. Ninguém se interessou pela nossa apresentação, fomos interrompidos diversas vezes por outros grupos da feira simplesmente porque a escola não organizou corretamente o evento. Se tivessem se interessado pelo nosso trabalho, teriam levado em conta de que precisávamos de silêncio na hora do espetáculo.
Eu poderia ficar falando de mil e uma coisas que deram errado com esta escola. Mas quis chamar atenção a este fato porque é isso que enxergo nas escolas de hoje. Escolas que se preocupam muito mais com conteúdo acadêmico do que com a formação social e intelectual do aluno.
Eu gostaria de ter tido uma escola que desse apoio ao esporte, à música, ao teatro porque todas essas experiências são extremamente ricas na formação de um ser humano.
Quando olho pra trás e penso que agora estou na Universidade de Brasília e que muitas pessoas dessa minha antiga escola ficaram sabendo disso eu só consigo pensar numa coisa: essa escola não se importa com o que fiz ou deixei de fazer lá dentro. O que importa é o nome de uma aluna deles na lista de aprovados da Unb.
E penso, agora, que minha vida escolar pode ser comparada ao chocolate amargo. Doce no começo mas que deixa um gostinho amargo no final. Mas nem por isso deixa de ser delicioso por quem sabe apreciar a mistura da doçura com a amargura.
Livea Chefer
Comunicação Social – 1º2009
Turma B
domingo, 19 de abril de 2009
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